EDITORIAL: TEMPOS ESTRANHOS

 

Gosto de comédia inteligente e tiradas criativas, mas como tudo na vida, penso que até mesmo o humor precisa de certos limites. Não vou nem entrar agora na questão das piadinhas envolvendo os Personagens Sagrados do Cristianismo, fica para outra reflexão. Aqui quero destacar o lamentável e triste episódio do idoso morto no interior de uma agência bancária no RJ.

A cena é angustiante. Uma sobrinha falando com o tio visivelmente morto e tentando fazê-lo assinar um empréstimo. Não vou entrar no mérito se ela sabia ou não de sua condição, isso cabe às autoridades apurarem. Quando ví o vídeo, e não teve como não ver, visto que apareceu inúmeras vezes em minhas redes sociais, não achei nada engraçado, pelo contrário, fiquei perplexo, triste, boquiaberto e estarrecido.

Imagine isso acontecer com alguém próximo a você. Além de ter que lidar com a perda, é bombardeado com a imagem do cadáver de um ente querido sendo deliberadamente usada para as mais variadas formas de chacota, piada de mau gosto e fonte de conteúdo de humor negro.

A humanidade está perdendo sua melhor essência e se deixando levar pelo "Tô nem aí". Respeito, honra, empatia e amor viraram sentimentos ultrapassados e substituídos pela arrogância, egoísmo, ambição e uma modernidade manchada pelo o que há de pior no mundo.

Se não há mais sentimento de compaixão pelo próximo e vivemos tempos do "Cada um por si e Deus por todos", é preciso ser rigoroso no cumprimento da Lei e fazer com que exemplos sejam dados. "Vilipêndio de cadáver é um crime previsto no artigo 212 do Código Penal Brasileiro. A ação pode ser definida como um crime contra o respeito aos mortos." Pronto! Se não vai pelo amor, vai pela dor!!